terça-feira, 31 de julho de 2012

"Cala-te só um bocadinho"

Já são dois finais de tarde seguidos que uma família pouco dada à civilização e ao respeito ao próximo se alapa no toldo junto ao meu e decide perturbar o silêncio que um belo final de tarde exige. Eu bem tento dormitar ou seguir com a minha leitura, mas aquela malta prefere que eu participe na conversa, tal são os decibéis acima do tolerável com que me presenteiam. Ainda por cima as conversas são parvas, desprovidas de graça e ainda me dão informações escandalosas, como a mãe da bebé de um ano e pouco, que já não comia há três horas e meia, não perceber porque é que o raio da miúda chorava. E eu começo a ponderar seguir as passadas dessa grande miúda que merece uma estátua erguida no jardim de Belém, por ter pedido ao Toy para se calar um bocadinho. Era engraçado não era?

Passagem d'a máquina de fazer espanhóis

e o amor é para heróis. o amor é para heróis.

com a morte, tudo o que respeita a quem morreu devia ser erradicado, para que aos vivos o fardo não se torne desumano.

sonhar um mundo é correr riscos ainda maiores. é ser-se ambicioso perante o que já é impossível.

vivemos num mundo que despreza as provas e prefere gerir-se pela especulação.

ser religioso é desenvolver uma mariquice no espírito. um medo pelo que não se vê, como ter medo do escuro porque o bicho papão pode estar à espreita para nos puxar os cabelos. 

Valter Hugo Mãe
na brilhante obra 'a máquina de fazer espanhóis'

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Esta música não me sai da cabeça #21


Adoro esta música e gosto muito mais da versão do Diogo Piçarra que da original. Se este miúdo não ganha o Ídolos é só a maior injustiça dos últimos 3 anos.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Estou farto da conversa dos vitinicultores

Estou aqui há que tempos a tentar perceber a ligação entre a chuva de granizo que estragou as vinhas do Douro e a responsabilidade do Governo. Assim de repente julgo que uma coisa nada tem a ver com a outra. Mas os vitivinicultores acham que sim, que o Governo desta vez só tem um caminho a seguir: moralmente e sem favores (porque é uma obrigação acudir a todas as calamidades deste país) deve ajudá-los. No fundo o Governo deverá assumir o prejuízo da destruição das vinhas, como se tivesse pago para que chovesse granizo. Como se fosse o responsável por esta partida que São Pedro decidiu pregar aos nortenhos. Isto lembra-me os agricultores alentejanos que aparecem na televisão a reclamar subsídios e ajudas extra sempre que há seca e sempre que chove durante uma semana seguida. No fundo o Estado está cá para fazer face às desgraças causadas pelo tempo, como se chover e fazer sol fossem acções programadas e proclamadas na lei. Se é assim, se se consideram no direito de exigir do Estado ajuda monetária sempre que o negócio não vos corre bem, então penso que o contrário também deve ser feito: ora cada vez que registarem lucros, sempre que o bom tempo permita o crescimento saudável das vinhas e se produza bom e rentável vinho, então, senhores vitivinicultores e afins, venham de lá esses cheques para recompensar o Estado, afinal temos que ser uns para os outros. E não, a conversa de 'ah e tal nós pagamos impostos e por isso podemos fazer estas exigências' não é válida. Assim sempre que o negócio dos meus pais não tivesse movimento lá estariam eles a pedir ajuda para pagar as despesas, que são certas. E sempre que as cheias causassem estragos em todos os electrodomésticos de cafés e restaurantes,  os empresários poderiam sentir-se também no direito de exigir uma ida à Worten patrocinada pelos cofres do Estado. Parece-vos justo? A mim também não.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ted

Quando vi a publicidade a este filme não fiquei convencido. Achei que seria apenas mais um filme com um boneco a viver no mundo real, desprovido de qualquer graça e que não valeria o preço do bilhete. Mas depois os meus amigos que viram o filme disseram-me que está muito bom, que é hilariante, que não se riam assim desde o filme A Ressaca. Bem, lá me arrastei até à sala de cinema com alguma curiosidade e expectativa. Não me ri tanto como n'A Ressaca, duvido que alguma comédia volte a ser tão brilhante, mas ri-me muito. O Ted é simplesmente o maior e merece que as pessoas se desloquem até à sala de cinema para vê-lo, porque arranca-nos umas boas gargalhadas. E, para quem viu, digam-me lá se a cena final não está muito boa? Além de todos os pretextos que já apresentei, falta um que não é menos importante: a Mila Kunis faz parte do elenco e está gira, como sempre!




segunda-feira, 23 de julho de 2012

Já fez um ano...


...que uma das melhores cantoras deste século partiu. Ficaram as músicas, felizmente.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Percebemos que somos boas pessoas

quando decidimos que para a despedida do estágio vamos levar bolos... sem laxante.

A motivação para ir até ao ginásio pode assumir várias formas

Agora tenho um motivo extra para voltar a correr 5 km, desta vez com uns ténis apropriados.

domingo, 8 de julho de 2012

Gabriel Garcia Márquez

O autor de um dos livros que mais gostei de ler até hoje perdeu a memória. Vi a notícia ontem à noite e pensei para mim que o mundo ficou um bocadinho mais pobre. Gabriel Garcia Márquez não voltará a escrever e a mim o que me consola é saber que ainda tenho muitas páginas da sua escrita pela frente.

Há sempre um bom motivo para ver o Ídolos #2


Ah, esteve-se mesmo bem no Algarve

Mas o que me traz aqui é mesmo para perguntar se alguém sabe o que é feito dos avecs? Em dois dias só vi uma família aveciana e isto não se faz, que eu sou pessoa que se diverte com o ridículo. É mesmo preciso esperar por Agosto para ouvir "Stephanie vien ici" seguido de "Jean Pierre vai lá buscar a tua irmã antes que eu lhe arreie duas palmadas no lombo"? Tenho saudades.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Existe gente muito rápida

Aposto que o Miguel Relvas tirou a carta em 5 minutos, depois de ter ido a conduzir até à escola de condução para se inscrever.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Mais uma vez o Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos

Eu percebo que este assunto não interessa à grande maioria das pessoas, mas este bastonário consegue irritar-me cada vez que vem a público. Pois que passado um mês das enormes alterações à prescrição de medicamentos e consequentemente às vendas dos mesmos nas farmácias, o senhor José Manuel Silva já pediu auditorias para ver se está tudo a correr bem. Isto porque, imagine-se, as vendas dos genéricos dispararam, mas os mais vendidos não foram os cinco genéricos mais baratos. E o senhor fica muito admirado, porque não vive da venda de medicamentos. Caso fosse proprietário de uma farmácia (e atenção que eu falo assim, mas não tenho nenhuma) já não se comportava desta maneira, a não ser que não tivesse problemas em lucrar uns míseros dois cêntimos com a venda de um genérico, como tão frequentemente acontece. É óbvio que embora tenham havido imensas alterações e que não se possa trocar medicamentos por um mais caro ao que está estipulado na receita, nenhuma farmácia tem interesse em vender genéricos a 89 cêntimos, a não ser que o objectivo seja declarar falência em dois meses. Os portugueses estão com dificuldades, o país está em crise, mas não é com medidas como esta que isto vai andar para a frente. Lamento, mas feliz ou infelizmente a saúde tem um preço. Não se pode continuar a exigir mais reduções nos preços. Os medicamentos já foram estupidamente caros há uns anos atrás, mas todos sabemos que neste momento estão muito mais baratos. E a tendência não pode ser o contínuo decréscimo dos preços. Porque as farmácias não são a Santa Casa da Misericórdia. 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O periquito com gota

À conversa com uma amiga lembrei-me que tenho uma história engraçada para contar, que já se passou há umas semanas, e que vem mesmo em boa altura para contrastar com o post anterior. Pois que estava eu no estágio e a São veio ter comigo a perguntar se eu lhe podia preparar dois medicamentos para uma amiga, porque lhe tinham pedido 50€ na farmácia por 2 míseros mililitros. Ora como disponibilidade é que coisa que não me falta neste estágio, prontifiquei-me logo a fazer os dois medicamentos. A São deu-me a receita para eu saber o que seria suposto fazer. Até aqui tudo normal, não é? Pois, só que a receita era de uma clínica veterinária e foi aí que eu percebi que não ia ajudar a amiga da São, mas sim o seu periquito. Pois que o periquito andava coxo há já algum tempo e os donos pensavam que ele se tinha magoado numa pata. Não deram importância à situação, pensaram que com o tempo o animal voltaria a ter a perninha como nova e que voltaria a levantar voo na sua gaiola, mas a verdade é que melhoras do bicho nem vê-las. Foi, então que decidiram ir ao veterinário, que depois de análises feitas, descobriu que o problema do periquito era... (espero que estejam preparados, pelo menos eu nunca tinha ouvido falar que isto acontecia aos animais) ácido úrico elevado. Ou seja, o periquito coxeava porque tinha gota, sim essa doença que eu julgava ser exclusiva da espécie humana. Ora depois de tomar conhecimento de todo o drama da vida daquele periquito lá fui eu para o laboratório preparar com muito amor e carinho os medicamentos do bicho, não sem antes voltar a olhar para a receita e dar de caras com duas coisas importantíssimas, que passo a citar: "ANIMAL: Ave; NOME: Bento". Claro que toda a situação provocou o riso geral, afinal não é todos os dias que se prepara medicação para um periquito que se chama Bento e que sofre com ácido úrico em excesso. Mas se até aqui já nos tínhamos rido bastante, ainda consegui protagonizar mais um momento de ir às lágrimas. Estava eu muito concentrado na preparação dos medicamentos, quando digo na brincadeira "São, cuidado, porque estamos a preparar os medicamentos para o Bento!" e oiço uma voz vinda do outro lado do laboratório "Não é Bento, o periquito chama-se Kiko. Eles lá na clínica veterinária enganaram-se a escrever.". E sim, antes que perguntem, era a dona do animal, que estava sentada no laboratório, sem eu saber, à espera da cura para o seu periquito manco.

Não tenho estofo para isto

Eu gostava de escrever aqui alguma coisa engraçada, mas o assunto que me traz cá hoje não é nada animador. Nesta parte do meu estágio no hospital, estou no ambulatório (atendimento ao público). Hoje foi lá uma senhora com um aspecto normalíssimo, 50 e tal anos, muito cabisbaixa. Não estranhei, porque as situações que levam os doentes àquele sítio não são as melhores. Pensei para mim que a senhora estaria com um cancro na mama e que daqui a uns tempos já estaria melhor e mais animada. Só que estava redondamente enganado. A receita médica mostrou-me o que eu não esperava: infectada com o VIH. É mesmo assim minha gente, isto não escolhe idade, raça ou credos. Nem aspectos. Já lá apanhei gente muito bem parecida, pessoas por quem eu passaria na rua normalmente, sem me aperceber de nada e pumbas: seropositivos. Portanto, o conselho que vos dou é para se protegerem sempre e para não se iludirem com o aspecto da pessoa, porque uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Mas falava eu da tal senhora... A história dela é bem triste e revoltante. Pois que a senhora não andou no mundo das drogas a partilhar seringas, nem andou aí feita promíscua a ter sexo com desconhecidos. A senhora apenas confiou no marido. Sim, esse grande traste que decidiu ir às "meninas" sem se proteger e que ficou infectado com o vírus e, consequentemente, infectou a mulher. Um grande estúpido que além de trair a mulher ainda lhe "ofereceu" uma doença para o resto da vida. Ora digam-me lá se esse senhor não merecia alguma espécie de tortura chinesa? Ou prisão perpétua? Fico revoltado com estas merdas. E detesto a sensação de impotência perante estas situações.