quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ontem li uma notícia que dizia que Manuela Ferreira Leite defende que as pessoas a partir dos 70 anos que necessitam de hemodiálise devem pagá-la. Confesso que fiquei indignado com a frieza de tal ideia. Uma posta de pescada lançada por alguém que de certeza não sabe o que é a hemodiálise, ou pelo menos o que implica, e que, em caso de necessidade, terá certamente dinheiro para pagá-la, estando-se a marimbar para o resto da população, que com a crise está cada vez mais nas lonas. Desejei que Manuela Ferreira Leite, que já terá passado a barreira dos 70 anos, se torne rapidamente numa insuficiente renal. Mas não uma insuficiente renal qualquer. Teria de ser grave, para passar a vida ora no hospital em tratamento, ora em casa a descansar e recuperar dos tratamentos. 

Depois da maldição lançada, e graças ao meu espírito curioso, decidi ver a entrevista para constatar com os meus olhos a ideia insensata e estúpida da senhora. E realmente, num primeiro momento, Manuela Ferreira Leite diz mesmo que a partir dos 70 anos quem precisar do tratamento que o deve pagar, pois o Estado não pode continuar a financiar totalmente um sistema de saúde, sob pena da qualidade do mesmo começar a diminuir. Voltei a fazer voodoo mentalmente à senhora, embora concorde com ela na parte em que se estamos na bancarrota não podemos continuar a ter tudo grátis. É triste, é mau, mas é a pura realidade. Se não há dinheiro para tudo, nem tudo pode continuar gratuito. Surgiram-me, então, várias hipóteses para poupar dinheiro e de modo a assegurar a hemodiálise gratuita: cortar nas reformas milionárias de ex-deputados, cessar a comprar de carros para as partições públicas e despedir os motoristas dos nossos representantes (podem muito bem usar o metro e o autocarro para chegarem a São Bento).

Mais à frente durante a conversa, Manuela Ferreira Leite, é confrontada novamente com a mesma conversa, ficando o assunto esclarecido: a senhora defende que a partir dos 70 anos a hemodiálise, um exemplo entre outros tratamentos médicos, deve ser pago, caso o utente tenha possibilidades para tal. Caso isso não se verifique, o Estado suporta o custo. Uma espécie de favorecer os mais necessitados. E isto, é muito diferente do que a imprensa tem publicado.

Este é, infelizmente, um exemplo entre muitos do mau jornalismo que se faz por cá. Um jornalismo parcial, sensacionalista, que toma a parte pelo tudo e que deita areia para os olhos dos portugueses. Um jornalismo, que na verdade de jornalismo tem pouco, e que se limita a promover a discussão desnecessária.

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