Não me quis pronunciar em relação à desgraça que foi a média geral do exame nacional de Português sem ver o exame. Confesso que nunca desconfiei que fosse difícil, mas quis mesmo confirmar que há gente da nossa terra que não entende português. Ora o exame tinha um poema de Álvaro de Campos e as perguntas de interpretação eram realmente rebuscadas, que até era pedido para o aluno identificar duas sensações do sujeito poético. Onde é que já se viu isto? Que ultraje! Assim torna-se impossível obter aprovação, até para o melhor dos alunos! Depois ainda era pedido um texto de 80 a 130 palavras (outra prova de fogo, escrever 10 linhas!) sobre um dos heterónimos de Fernando Pessoa - Ricardo Reis, que é tão, mas tão pouco estudado e falado nas aulas. Tinha ainda um grupo de interpretação de um texto com escolha múltipla e, como se não bastasse o testamento sobre Ricardo Reis, o aluno ainda tinha que ter coragem para fazer outro texto, desta vez com a missão impossível de escrever entre 200 a 300 palavras. Uma verdadeira prova de fogo. Estou chocado. Ainda bem que no meu ano a malta do Ministério da Educação andava a dormir. Só isso pode explicar o facto de eu me ter safado à grande.
A minha questão é a seguinte: o que é que se passa com esta malta? Compraram o dicionário calão e decoraram-no de uma ponta à outra? Não lêem o jornal de vez em quando? Não se cultivam com um livro? Não quero interferir com os hábitos de ninguém, mas tenho para mim que ajudaria bastante k ñ excrexem mensagenx axim, xeias de erruhs que dah dó. É só uma ideia, nada de levarem isto a peito. Cada um sabe de si. E se quer ou não dominar (e escrever) a língua nativa.
3 comentários:
não têm habitos de leitura e muito menos de trabalho!!!!
viste a frase onde tinham que ir buscar 2 sensações? mais obvio era dificil. deve ter sido isso. desconfiaram do que era obvio!
Adorei o post.
E vendo a última parte, da escrita.. olha que eu ainda apanho pessoal com mais de 20 anos a escrever assim. Isso sim é assustador!
É verdade que hoje em dia há muitos jovens com poucos hábitos de leitura e de estudo. E há ainda os que escrevem com k', x's e afins. Tudo isto quanto a mim é reprovável.
Contudo, é necessário fazer aqui uma adenda. Apesar de os maus resultados nos exames nacionais serem, na maioria, fruto destas razões, também é verdade que os exames ainda que não sejam difíceis são corrigidos com base em critérios muito rigorosos que 'descontam' às vezes apenas por não ter a informação toda que consta desses critérios de correcção.
Não querendo desculpar os jovens, como é óbvio, a verdade é que até há bons alunos que acabam por se 'espalhar' nos exames por causa disto.
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