quarta-feira, 9 de março de 2011

Este país não é para doentes

Tenho para mim, e não devo estar longe da verdade, que este país não é para doentes. Abro, no entanto, uma excepção para aquela malta que faz da sala de espera das urgências a sua casa. Ele há gostos para tudo e não desconfiem do que estou para aqui a dizer. Há mesmo gente maluca, ou que não tem nada que fazer, que vê no hospital um bom sítio para passar uma tarde com pretextos tão bons como "tive uma dor de cabeça que durou uns cinco segundos e isto de certeza que não é coisa boa... hoje uma dor de cabeça, amanhã um tumor". Mas como dizia eu, e bem, em Portugal não nos podemos dar ao luxo de ficar doentes. Ora uma pessoa tem uma angina de peito, chega ao hospital com a tensão arterial toda desregulada, o batimento cardíaco em altas e espera cinco horas para ser assistida por um cardiologista? Não quero ser desanimador nem quero encorajar alguém a prescindir do serviço nacional de saúde, mas esperar cinco horas por um cardiologista quando se está a um passo do enfarte é praticamente o mesmo de nos dizerem na recepção "tenho muita pena, mas você de hoje não passa, o melhor é ir aproveitar as últimas horas de vida num sítio mais agradável".
Talvez esteja na hora de acabar com as licenças de construcção de novos centros comerciais e de pensar que o que falta no país são auto-estradas. Se calhar investia-se mais na saúde. O que é que me dizem? É que uma pessoa já não pode estar descansada quando está doente!

3 comentários:

Ísis disse...

Neste momento, este país não é para ninguém. Nem doentes, nem saudáveis.

S* disse...

Sabes que as pessoas que vão muito ao hospital às vezes fazem-no para não estarem sozinhas em casa. Triste mas real.

Johnny disse...

É verdade S*. Mas também é verdade que há muita gente hipocondríaca e medricas que basta uma pontada de febre ou uma dorzinha de minutos que corre logo para as urgências.