domingo, 13 de fevereiro de 2011

Chop suey ou chop gato?

Quando houve o boom dos restaurantes chineses, talvez há já uns 11 anos, aderi logo à moda. Na primeira vez fui a medo, sem saber muito bem para onde é que ia. Não sabia o que devia pedir, porque tudo na ementa me parecia literalmente chinês. Mas bastou-me provar as óstias de camarão, os crepes, o arroz xau-xau e a galinha com amêndoas para ficar rendido. A partir daí nunca mais precisei de ver o menú, venha de lá mais do mesmo. Nunca me quis meter em aventuras de experimentar tudo. Sempre desconfiei daquele esparguete de cor manhosa com gambas, nunca entendi muito bem aquele porco doce e as sobremesas nunca me chamaram à atenção desde que vi uma em chamas. Ah... nem as bebidas alcoólicas. Beber cenas de garrafas com ratos mortos embalsamados lá dentro nunca me suscitou interesse, só nojo. A verdade é que eu ia porque gostava muito, mas ninguém me tirava da ideia que na cozinha esfolavam gatos e cães. Sempre fiz piadas em relação à carne que vinha para a mesa. Que a galinha com amêndoas era no fundo o cão que tinham apanhado à porta do restaurante na véspera e que a carne dos crepes era de gato. Gozava, mas acabava por dizer que mesmo que fosse cão ou gato era bom e isso é que realmente importava. Mas depois de ver as notícias que há uns anos passaram no telejornal percebi que as piadas tinham fundamento e, por isso, cortei relações. Confesso que me custou. Pensar que um dia comi um caniche ou então um persa não me agradou muito.  Mas tive saudades, principalmente de ouvir 'quantos clepes?' e o mítico 'tlina lalaia' (que não é mais do que um trina de laranja - bebida que eu pedia sempre só para ter o prazer de ouvir a chinesa repetir o pedido ahah). Mas como o bom filho à casa torna, há dois anos dei por mim a ignorar o pensamento 'vais comer cão' e lá voltei ao chinês sem medos. O truque é ir e não pensar se é rato ou galinha. É comer e já está. O que importa é ser bom. E mesmo que a comida seja manhosa, a verdade é que nunca fui parar ao hospital com uma intoxicação alimentar depois de comer no chinês. Talvez para eles seja esquisito nós comermos bife de cavalo ou mesmo de vaca. Se calhar para eles é tão normal comer cão como para nós é comer perú. Ou se calhar sou só estúpido. Por agora, enquanto não vierem parar mais histórias de restaurantes chineses à televisão, enquanto a minha memória estiver semi-esquecida, lá vou eu de vez enquando. Vamos ver quanto tempo isto dura até ao próximo momento de jejum ou até um chinês me dizer 'era carne de gato, otário!'.


2 comentários:

Lima e Tequilla disse...

Adoro quando vou a um restaurante chinês e a senhora me pergunta: Quel clepe chinêsssss?
De qualquer maneira seja mesmo carne de gato ou cão, sabe bem =)

Gante disse...

Essas conspirações também não me demovem. Adoro ir ao chinês comer o clepe e porco doce!