Quando vejo alguém com uma deficiência, seja ela física ou mental, tento agir naturalmente e contrariar a tendência que se tem nessas alturas em olhar para a pessoa. No fundo, comporto-me normalmente como se a pessoa fosse igual a mim, como se não tivesse uma única característica que a torna-se diferente aos olhos da sociedade e aos meus. E faço isto, porque tento colocar-me no outro lugar e acabo sempre por chegar à mesma conclusão. Se fosse eu a estar numa cadeira de rodas, ou o portador de trissomia 21 ou se apresentasse falta de cabelo devido aos tratamentos de quimioterapia não queria ser olhado constantemente como uma aberração ou, simplesmente, não queria ser o alvo de olhares curiosos e de comentários piedosos. A reacção natural, e acredito que desprovida de qualquer maldade, das pessoas, em geral, é olharem e terem pena. E, pior do que isso, é demonstrarem esse sentimento e, muitas vezes, lamentarem-se em voz alta. "Coitadadinho". "Olhem-me para aquela desgraça". E é isso que deve ser combatido e alterado. Porque por mais impacitadas que essas pessoas possam estar, por mais diferenças que possam ter do resto da sociedade, elas têm uma coisa comum a todos nós: sentimentos. E tenho a certeza que todas as essas pessoas entendem os olhares de pena e os comentários, tal como tenho a certeza que não devem gostar disso. E é por tudo isto que eu adopto esta atitude. Não é uma questão de ser indiferente, mas sim de não contribuir para a (já tão grande) diferença que todos os dias essas pessoas sentem na pele.
5 comentários:
Acho que essa é uma atitude que deveria ser especialmente incutida às pessoas que andam maioritariamente de transportes públicos que insistem em ficar a olhar fixamente quando alguém que aparenta ter uma deficiência se senta ou quando temos de esperar um pouco mais porque alguém de cadeira de rodas precisa de apanhar o autocarro. É mau para eles todos aqueles olhares porque mais de metade não para ajudar no momento, são simplesmente olhares de pena como dizes.
E sim, o problema principal é que (quase) ninguém se coloca no lugar deles, daí as reacções estúpidas quando na presença deles. Só há uma coisa a saber nisto.. eles são pessoas, como nós!
Eu até me esforço para ser mesmo indiferente... não gosto que as pessoas se sintam diferentes.
quando muito pergunto, em algumas situações, se precisam de ajuda... às vezes aceitam e agradecem... mas como frequento o hospital diariamente não estranho tanto como algumas pessoas!
Adorei o que li, e espero que muitas mais pessoas pensem o mesmo! O meu irmão tem trissomia 21 e como se deve imaginar ele não ligaa minimamente se olham p ele ou não, ele vive no mundo perfeito dele, porque nem se quer tem consciencia que pode haver pessoas más... sinceramente odeio, e fico até com raiva quando o olham e para nós tipo "coitadinha daquela familia".. quem o diz, não sabe simplesmente como é viver com uma pessoa com trissomia 21, nem sequer se dão ao "luxo" de os conhecer! ;)
Acho que todos deveriam convivar mais com as diferenças desde miúdos, para agir normalmente com todas as diferenças que existem... :)
Exacto, é a atitude que eu tenho. Numa escala muito menor em relação à trissomia 21, eu já senti na pele o que é ser olhado! Sim, quando era adolescente tinha a cara com muitas borbulhas, mas muitas mesmo...então eu reparava que as pessoas olhavam muito para mim..."coitadinho do rapaz,cheio de borbulhas,não arranja namorada assim". E as pessoas sentem quando estão a falar delas, eu sentia...e eu só queria ser como os outros miudos...normal! As borbulhas passaram com a idade...agora sou normal...e quando vejo alguém com deficiência, tenho uma atitude completamente normal. E é assim que as pessoas "não normais" querem que seja.
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