quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Há cerca de duas semanas uma pessoa chegada à minha família sofreu um AVC. Diz quem o foi ver, logo que isso aconteceu, que chorava muito, que metia dó, que ficou afectado, que tinha a boca ao lado, que não controlava muito bem uma das pernas, que tinha momentos de lucidez alternados com momentos em que perdia o controlo das suas acções.
E eu fui ouvindo todos esses relatos, mas tentei sempre evitar o assunto. Porque já sabia que o inevitável ia surgir. Mais cedo ou mais tarde a pergunta "então e quando é que o vamos visitar?" ia-me ser colocada. E mais uma vez eu ia armar-me em cobarde. E foi mesmo isso que aconteceu.
Lido mal com situações deste género. Detesto visitar pessoas hospitalizadas e debilitadas. Prefiro vê-las quando já estão melhores ou, de preferência, quando já estão totalmente recuperadas.  Eu sei que não devia ser assim. Que por mais que me custe devia agir de forma diferente. Ter mais coragem, encarar a situação em vez de fugir dela. Sei que se um dia for eu a estar nesse lugar também vou gostar que me visitem, que me apoiem, que estejam comigo fisicamente e não apenas à distância. E devia aplicar tudo isto que aqui estou a escrever. Mas vou sempre adiando, porque estas coisas transtornam-me imenso. É que parecendo que não isto é uma grande merda.

3 comentários:

Naná disse...

Falo por experiência própria: a idade encarrega-se de nos tornar mais fortes e conseguir ultrapassar esse instinto de querer fugir a sete pés desse tipo de situações!

Anónimo disse...

Como se costuma dizer, olha para o que eu te digo, mas nao olhes para o que eu faço :P

Roxanne disse...

faz sentir à pessoa que estás "Presente", nem que seja por um telefonema... lidando com essas situações muito frequentemente por força do curso, sei o quanto eles dão valor a um simples: "sabe quem lhe ligou? o X!" é ver os olhos brilharem de emoção.