sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dos avecs

Chegou Agosto e com ele chegaram todos os emigrantes deste nosso país. Vem tudo de malas aviadas do Luxemburgo e da França e é ver as praias cheias de Jean Pierres, Josephs e Moniques acompanhados pelos papás e pelas mamãs, mais conhecidos como cherries, como se tratam carinhosamente em público e em solo português. Esta é a altura que os avecs se dão a conhecer, que mostram o melhor que têm em si. E nós que tanto gostamos de os ter por cá! É vê-los a chegar ao estacionamento da praia em pleno aparato, nas suas carrinhas carregadas de lancheiras, chapéus-de-sol, tachos e panelas com o farnel, que cozido à portuguesa e bacalhau com natas é tudo o que dá vontade de comer a esta malta quando cá vem. Acomodam-se ali o dia inteiro nas toalhas e é vê-los e, principalmente, ouvi-los proferir palavras sábias em francês, esse idioma que é mais honrado do que a bandeira da pátria. Todo o santo dia fazem questão de gritar de 2 em 2 minutos com os putos que não param quietos. Primeiro, e a modos que ainda calmos, falam francês com os petits. Até aí tudo bem. Mas quando começo a vê-los repetir a mesma frase em francês 3 vezes seguidas e a elevar o tom de voz já sei que o típico "Jean Pierre vien ici" não tarda a passar a um nada bronco "JOÃO PEDRO a mãe já te chamou 4 vezes, sai já da água e vem para a toalha antes que eu vá aí puxar-te por um braço e comas uma galheta nesse focinho". E é aí que o grande segredo que ninguém desconfiava nem nunca ousou desconfiar é revelado: afinal, os traquinas dos Jeans Pierres, são na verdade Joões Pedros, bem ao estilo português, e as Moniques da França são, surpreendentemente, Mónicas de Portugal. Avecs deste país, se poisarem os olhinhos neste post tomem bem atenção às seguintes sábias palavras que aqui vou escrever: os vossos filhos são portugueses, entendem português e, tenho cá para mim (mas não passa de uma desconfiança minha) que em solo português eles esperam que vocês falem com eles em português. Mas posso estar enganado, não li nada que comprove cientificamente o que estou a dizer, não me debrocei tanto no assunto como possa parecer. Por isso, caso não levem à séria o conselho que aqui vos deixo, resta-me dizer-vos que vou continuar a rir-me cada vez que derem espectáculo na praia, que a malta gosta é de se divertir. Pela parte que me toca, só vos tenho a agradecer os bons momentos que me proporcionam. Não fiquem constrangidos, continuem a espalhar a vossa alegria e o vosso patriotismo, que ninguém aqui fica ofendido, só ficamos bem-dispostos.

11 comentários:

Dani disse...

Ontem fui com uns amigos para a praia. Como estava vento, levamos um tapa-vento.
Passado pouco mais de meia-hora o que acontece? Descobrimos uma familia de avecs "acampada" no lado contrário do nosso tapa-vento. Assim mesmo, à "grande e à francesa", a aproveitarem-se do nosso espaço, a encostarem-se ao tapa-vento e a incomodarem toda a gente que estava do lado de "cá".
Mas que grande lata!
O que é que fizemos? Tiramos o tapa-vento. Enfim.

Célio Cruz | Sweet Gula disse...

Olá. Acabei de vir aqui parar ao teu blog e gostei do (ainda) pouco que li.
Gostei particularmente deste post, pois sinto a mesmíssima coisa em relação aos avecs. E sinceramente acho que eles têm um dialecto próprio, talvez o "emigrantês", em que usam expressões que mais ninguém usa, como "aparcar a voiture" ou "encontrar uma praça para aparcar" ou "despejar a pubela" ou "estou a depressionar" ou ainda a célebre "rien, filho, rien". É de ir às lágrimas...

Nada disse...

Ai gosto tanto de ouvir frances pela manhã numa praia qualquer da costa da caparica...aquela mutação ranhosa entre português das barracas e francês mal pronunciado e as ameaças bilingues ás crianças que não sossegam. Adoroooooooooo!!! (tanto tanto que vou para a Arrabida xD)

Beijinho e bom fim de semana*

Ricardo Pereira disse...

jápresenciei uma do género que contas com uma Déni que, rapidamente,pasou a "Denise Critina (oh que coisa mais linda de se chamar a uma filha) vem imediatamente aqui antes que a brincadeira te saia cara"

MissGummyBear disse...

Um post absolutamente fantástico xD

Anónimo disse...

Em vez de passar o tempo a gosar dos Emigrantes, tinham mais juizo de trabalhar a serio (como muitos desses emigrantes que vao para praia) para levantar esse pais (o meu) dessa merd@!!!!

ri-te agora, cuando chegares a reforma com 300 € por mes.........as sanitas que limpamos em frança, seras tu a limpalas para uma casa de emigras reformados!! hein Joao Paulo ???

Anónimo disse...

É sempre fácil estar no conforto e criticar quem arriscou e sabe-se lá o que passou para tentar ter uma vida digna.
Mas quando estava em Portugal e mesmo agora, só ouvia criticar os "avecs", quando a maioria queria era sair de Portugal.

Johnny disse...

Caros anónimos, avisem-me se estiver errado, mas creio que o texto que escrevi referia apenas o facto de virem para cá falar francês sendo vocês portugueses. Se acho isso ridículo? Sim. Se me referi ao facto de arriscarem e de trabalharem em outro país? Não, porque não tenho nada contra.

Anónimo disse...

gozo voces sabem dar ! mas levantar o pais mais iletrado e mais inculto da europa, voces isso nao sabem ! se voces soubessem o que é viver longe das nossas raizes... eu nao escolhi, vim com 6 anos para a França... mas agora nao trocava por nada, nao hà lugar para nos no NOSSO pais ! infelizmente ! sobretudo com discursos como o seu !

Anónimo disse...

Voces gostam mto de gozar com os emigrantes mas no fundo trata se de pura inveja
.Voces trabalham pra aquecer,no cas somos pagos em justo valor.Ganhem coragem e emigrem tambem

Anónimo disse...

Nunca mais chega ao fim de Agosto...cairam uma familia de AVECS num apartamento ao lado....falam alto em françugues, cospem para o chão...sim cospem... o caniche ladra de noite...raça maldita!!!