terça-feira, 13 de julho de 2010

Viver sozinho? Eis a questão!

Outro dia falávamos de ir viver uns tempos sozinhos. Já depois de ter o curso tirado. Que gostávamos, que devia ser giro ter um tempo e um espaço só para nós, que seria bom podermo-nos sustentar para tudo. No fundo seria como sair de baixo da asa dos pais e fazermo-nos à vida. Mas depois também falámos das pessoas que vão viver sozinhas, mas que são falsas ou pseudo-independentes, como lhes queiram chamar. Aquelas pessoas que têm a sua casa, que não têm que dar justificações a ninguém, mas que depois precisam dos pais para algumas contas (ou para a maioria delas), que precisam da mãe para lavar a roupinha e fazer a comida em tupperwares que durem a semana inteira. Não é que eu seja defensor que a partir do momento que se saia de casa os pais não devem (ou possam) ajudar. Até sou a favor disso, mas com limites. Quero ser eu a pagar as minhas contas, quero ser eu a fazer o meu comer e a resolver os meus problemas ou assuntos, porque nem tudo tem que ser um problema nesta vida. Quero ser independente a 100%, mas sei que isso não vai acontecer tão depressa e a verdade é que não vivo arreliado com isso. Estou bem assim, em casa dos pais. Tenho a liberdade necessária, não me posso queixar. Depois comentámos o facto de chegarmos a casa e de precisarmos de falar com alguém. Porque há coisas para contar ou simplesmente porque não nos apetece passar o tempo inteiro em silêncio. E quando se vive com os pais isso é fácil de acontecer. Mas imaginámo-nos a vivermos sozinhos e todas as noites, chegados do trabalho, a ligarmos uns aos outros para contar o nosso dia ou simplesmente para falarmos sobre nada, só mesmo para não nos sentirmos sozinhos. Chegámos à conclusão que aconteceriam episódios do tipo “Ah estás-me a ligar? Espera lá que já te atendo. Apetece-me tanto ouvir-te relatar o que te aconteceu hoje de tão importante ou ouvir-te falar da tua hora de almoço pelo 100º dia seguido que vou fingir que não ouvi a chamada”.
Se por um lado é giro e até parece aliciante morar uns tempos sozinho, por conta própria e sem ter que me justificar a alguém, por outro lado assusta-me o silêncio, os momentos mortos e a solidão. Mas somos jovens e se não for agora (ou num futuro a modos que próximo) que tenhamos estas experiências quando é que as teremos?

5 comentários:

Ricardo Pereira disse...

Não tenhas medo e arrisca... não há nada melhor.
Quando saí de casa dos meus pais foi para dividir a casa mas, durante um período de tempo em que lá estive sozinho, dei valor a muitas outras coisas que antes não dava.
o silêncio é como uma extensão da nossa independência e do tempo que queremos ter para nós... sabia-me bem, gostava bastante até de poder fazer apenas o que queria.
Outra coisa... tudo estava como eu queria e era perfeito saber que... caso tivesse saído de casa com ela toda desarrumada, seria assim que a encontraria quando voltasse, mas caso a tivesse deixado toda arrumadinha era assim que ela estaria também... e não toda virada do avesso como outras vezes acontecia.
Sempre paguei todas as minhas contas e sempre paguei todas as mercearias sem ajuda dos pais... que encontraram a forma de ajudar sem ir de encontro à minha liberdade... ajudando-me a comprar o móvel que tanto namorei, oferecendo-me uma prenda de aniversário de algo que muito queria para a casa. E foi muito bom. Adoro assim e estou feliz. Foi o melhor que poderia ter feito até porque estreitei a minha relação com eles e lhes aprendi a dar mais valor

Vanita disse...

O silêncio é tão raro que sabe tão bem. O difícil depois é desprenderes-te dessa vida e alinhares noutra. Ok, moro numa casa onde estão outras miúdas, cada uma no seu quarto, mas levo quase uma vida como se morasse sozinha. Não interferimos no dia-a-dia umas das outras, somos muito independentes. Tempo para os amigos há sempre, para cinemas, jantares e noitadas. E é tão bom ter tempo só para nós. É que entre um dia de trabalho intenso, uma ou duas saídas com os amigos, vais achar que o que te sobra para ti mal chega. Pelo menos, comigo é assim :)

Unknown disse...

É óptimo viver fora de casa dos pais, mas não tem que haver pressas...
A forma como se quer viver depende de cada um. Para mim acho que resultava bem sozinho, embora não me incomode estar a viver acompanhado.
É o silencio. Eu preciso desse silencio. E preciso de me distanciar de quem me é importante para lhe poder ver o valor que tem para mim...

Obrigado pela visita. (:

Perigosa disse...

Gosto dos temas dos teus post e este é mais um com o qual me identifico.. Tens noção da quantidade de vezes que ja pensei "Epah quem me dera tar a viver sozinha.. não ouvia nem metade disto e fazia aquilo que bem queria e entendia". Fui sair na quinta fira passada e estava a stressar (no fim de uma noite muito boa) porque tinha que chegar a casa antes do despertador do meu pai tocar.. e na altura pensei que se morasse sozinha não teria que me preocupar com isso.. não chegaria a casa apressadamente ultrapassando os limites d velocidade, não me deitaria na minha cama vestida so com tempo de tirar os sapatos para ele não reparar que tinha acabado de chegar quando se levantasse.. mas nessa mesma noite tivemos um jantar e familia tão divertido, tão acolhedor, tão importante.. temos que analisar a balança e ver qual é o lado que mais pesa.. por enquanto vou-me deitando vestida depois de mais uma noite.

Anónimo disse...

Bom dia :)

Gostei muito do teu texto.
Posso dizer por experiência própria que viver fora do ninho nos dá uma perspectiva bem diferente da vida. Saímos fora da concha que os nossos Pais nos dão, e isso é sempre bom.
Quando fui tirar o meu curso, tive de ir viver fora da minha terra, e longe dos meus Pais. Saudades tinha, mas aqueles anos fizeram-me crescer tanto que valeram a pena.
Desde miúda que prezo muito o meu espaço, aqueles momentos de absoluto silêncio... sempre os adorei... sempre me deram paz que preciso...

Não tem de haver pressa para sair de casa dos Pais, na altura certa as coisas acontecem :)

Beijinho grande