segunda-feira, 13 de maio de 2013

Cheguei à conclusão que nas entrevistas de emprego ninguém liga ao currículo que preparámos com tanto cuidado. Na verdade já tinha quase a certeza que isso acontecia, mas uma pessoa precisa de ver in loco e de confirmar com mais gente se também lhes aconteceu o mesmo. Felizmente a minha experiência em entrevistas de emprego é muito reduzida, fui apenas a uma (sim, sou um sortudo) e naqueles 15 minutos de conversa (nem sei se chegou a tanto) vi o meu currículo ser folheado qual folheto que indica as promoções da semana do Continente. "Então quer dizer que acabou há pouco tempo não é verdade?". Pergunta escusada se tivesse posto os olhos por mais de 5 segundos na primeira página. "Então e estagiou?". Novamente pergunta escusada, pois toda a gente sabe que não se termina o curso sem passar pelo período de estágio. "Então estagiou quanto tempo?". Outra pergunta cuja resposta está no currículo. Enfim, podia continuar aqui a dar exemplos de perguntas básicas que eu acho que não deviam ser feitas em entrevistas de emprego, saltava-se logo essa parte porque supostamente tinham perdido 3 minutos a ler as 2 páginas que têm toda a informação necessária e centrava-se a conversa em tentar conhecer o candidato, as suas ambições e a perguntar-lhe quais as suas qualidades. Isso e tentar confirmar se o que o candidato diz é mesmo verdade. É que podemos dizer que estudámos direito em Harvard, que acabámos o curso com média de 19, que fizemos três formações extra-curriculares durante o 4º ano do mestrado e que ainda encaixámos tempo para aulas de mandarim, alemão e espanhol e que o tempo de Erasmus em Siena nos deu a capacidade de falar fluentemente italiano. Podemos dizer que tirámos um MBA ou que temos só um curso profissionalizante. Ninguém nos pede o certificado de habilitações, ninguém pede um contacto do sítio onde estagiámos, nem liga quando o indicamos. Isto de aldrabar esta gente não é assim tão complicado. Não estou a sugerir nada, longe de mim ser mal intencionado, mas que bem treinado dá para ser convincente, disso não tenho dúvidas. 

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