quinta-feira, 26 de julho de 2012

Estou farto da conversa dos vitinicultores

Estou aqui há que tempos a tentar perceber a ligação entre a chuva de granizo que estragou as vinhas do Douro e a responsabilidade do Governo. Assim de repente julgo que uma coisa nada tem a ver com a outra. Mas os vitivinicultores acham que sim, que o Governo desta vez só tem um caminho a seguir: moralmente e sem favores (porque é uma obrigação acudir a todas as calamidades deste país) deve ajudá-los. No fundo o Governo deverá assumir o prejuízo da destruição das vinhas, como se tivesse pago para que chovesse granizo. Como se fosse o responsável por esta partida que São Pedro decidiu pregar aos nortenhos. Isto lembra-me os agricultores alentejanos que aparecem na televisão a reclamar subsídios e ajudas extra sempre que há seca e sempre que chove durante uma semana seguida. No fundo o Estado está cá para fazer face às desgraças causadas pelo tempo, como se chover e fazer sol fossem acções programadas e proclamadas na lei. Se é assim, se se consideram no direito de exigir do Estado ajuda monetária sempre que o negócio não vos corre bem, então penso que o contrário também deve ser feito: ora cada vez que registarem lucros, sempre que o bom tempo permita o crescimento saudável das vinhas e se produza bom e rentável vinho, então, senhores vitivinicultores e afins, venham de lá esses cheques para recompensar o Estado, afinal temos que ser uns para os outros. E não, a conversa de 'ah e tal nós pagamos impostos e por isso podemos fazer estas exigências' não é válida. Assim sempre que o negócio dos meus pais não tivesse movimento lá estariam eles a pedir ajuda para pagar as despesas, que são certas. E sempre que as cheias causassem estragos em todos os electrodomésticos de cafés e restaurantes,  os empresários poderiam sentir-se também no direito de exigir uma ida à Worten patrocinada pelos cofres do Estado. Parece-vos justo? A mim também não.

1 comentário:

Lia disse...

A mim o que não me pareceu nada bem foi a história dos seguros... De resto, concordo: o Governo desta vez não teve a culpa!