quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Do chamamento

Se por acaso algum leitor deste blogue me puder esclarecer em relação ao chamamento para uma vida de clausura e dedicada a Deus eu agradeço. Como é que isso funciona? Acorda-se de manhã e apercebemo-nos que a única coisa que nos faz sentido para o resto da vida é irmos viver para um mosteiro? Sente-se uma paixão pelo divino inexplicável e que não nos deixa dormir e a solução passa por rezarmos de manhã à noite num sítio inóspito, sem feriados e sem direito a luxos? Isto faz-me realmente muita confusão. Talvez seja-me tão difícil compreender porque a mim nunca me chamaram para lado nenhum, como dizia ontem uma amiga minha (e ainda bem). Não pensem que descobri agora que é essa a minha vocação, longe disso. Mas este assunto sempre me intrigou e ontem vi uma reportagem em que homens e mulheres (ou freires e freiras, como preferirem) relatavam as suas experiências. Uma delas tinha tirado o curso de enfermagem, tinha até exercido durante algum tempo no IPO de Lisboa, mas aos 24 anos sentiu que o melhor para si seria abandonar todas as mordomias (carro, família, trabalho, saídas e jantaradas) para se dedicar a Deus. Outra escolheu essa vida aos 36 anos e disse que gostava de sair metade das vezes que tem de sair do convento. E eu questiono-me como é que não se farta? Se os concorrentes da Casa dos Segredos ao aproximarem-se do final do programa já quase que cortam os pulsos, e o programa só dura uns 3 ou 4 meses, como é que estas almas aguentam anos de uma vida monótona, em adoração a algo que nunca viram, mas que dizem que existe? Já disse que isto não me entra na cabeça de maneira nenhuma?

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