segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Das Presidenciais VI (ou como ninguém disse que é fácil)

Durante os meus tempos de secundário envolvi-me na luta pelo pódio da Associação de Estudantes. No 10º ano iniciei-me nessas lides como apoiante de uma lista. E ainda bem que não me entusiasmei demasiado porque quem eu apoiava acabou por perder esmagadoramente. No ano seguinte resolvi dar mais um passo em frente e, cheio de optimismo, lá fui eu apresentar a candidatura. Fizemos cartazes para espalhar pela escola. Inventámos slogans que são capazes de concorrer com a melhor campanha de marketing político actual, de tão maus (ou bons) que eram. Pela primeira vez na história das candidaturas à presidência da Associação de Estudantes conseguimos realizar um debate e esmágamos, temporariamente, a concorrência (o poder da palavra é uma coisa incrível). Mas a outra lista foi mais esperta. Tinha o apoio da Juventude Socialista que lhes arranjou cartazes todos bonitos e apelativos e tinha os votos do 7º, 8º e 9º anos garantidos. Escusado será dizer que fomos derrotados. E com a derrota veio a desilusão. E ficou sempre aquela angústia, aquele pensamento "nós podíamos fazer melhor". E foi esse o pretexto para andarmos o resto do ano lectivo a dizer mal da lista vencedora, que não fez um chavelho. Inconformados e com um espírito positivo avassalador foi no 12º ano que conquistámos as massas e fomos eleitos. E foi nesse ano que percebi porque é que até à data nunca nenhuma equipa conseguiu mostrar trabalho feito. O Conselhor Executivo da escola pouco nos apoiava. Era uma carga de trabalhos para nos conceder o espaço do bar por uma tarde. Dinheiro nem pensar. A Câmara Municipal conseguiu arranjar pretextos para não nos dar a verba que todos os anos dava. E dos muitos membros que faziam parte da Associação de Estudantes poucos foram os que continuaram motivados depois da vitória. Foi então que percebi que não era fácil dirigir, presidir ou mandar no que quer que fosse. Fazer promessas e ter ideias é o mais fácil. A missão impossível é pôr tudo em prática. Portanto, antes de se ir para a frente com uma candidatura, antes de se abrir a boca para mandar vir com quem está ou já esteve no poder, antes de se prometer mudança e melhoras, convém percebermos se somos capazes e se temos meios para tal. Pode não ser fácil, mas ninguém nos manda candidatar. É por isso que sou da opinião que o Presidente da República e o Primeiro Ministro devem cumprir o que prometeram. E é por isso não acontecer que o meu descredito na classe política portuguesa tem aumentado.

2 comentários:

Roxanne disse...

´´e preciso que se mexam. que tenham iniciativa, que pelo menos tentem!

mas não... ficam quietos...

Miss Daisy disse...

O descrédito é inevitável, em alguns casos. Mas infelizmente faz com que cada vez menos pessoas votem. É complicado. Torna-se um ciclo vicioso